SEM ROTEIRO

SEM ROTEIRO

segunda-feira, 24 de junho de 2013

VIVENDO O JORNALISMO
O momento não sai da minha cabeça, nunca passei por uma situação como esta, ser agredida e coagida por um grupo de manifestantes em pleno exercício do meu trabalho era algo que eu não esperava. Foi a primeira vez que entrei em uma ambulância, e coloquei uma mascara de oxigênio, a dor dos arranhões no meu braço nem se comparavam com o tamanho do medo naquela hora. Eu só conseguia pensar em sair dali.  Sábado 22 de junho de 2013 ,não vou esquecer, saindo para fazer mais uma cobertura das manifestações que acontecem no maranhão, eu e meu repórter cinematográfico Marcos Jacob  fizemos o registro do inicio do protesto na ponte do São Francisco onde entrevistei varias pessoas, o movimento até então parecia pacífico, mas após um desentendimento entre algumas pessoas e outras que estavam em um carro de som, a manifestação se dividiu, indo um grupo para a praça dom Pedro II, e outro permanecendo no local. O trabalho do repórter é ir atrás da noticia, quando recebo uma ligação de uma “fonte” me informando que na praça o movimento estava em clima de violência, quando cheguei ao local, o que constatei foi um cenário bem diferente do que eu havia visto na ponte, fogo, bombas, pessoas encapuzadas que não estavam ali para protestar, um grande numero de policiais. Parecia está cobrindo uma guerra e não um manifesto democrático. 
Quando um grupo tentou invadir a área de proteção a policia jogou um jato de água para afastar a multidão enfurecida, já era noite quando estas coisas começaram a acontecer. No jornalismo televisivo, o repórter deve capturar as sensações e emoções do momento, e tentar passar para o telespectador, podemos fazer isso em “passagem” (É o momento que o repórter aparece na matéria), era o que eu estava fazendo narrando o exato momento em que bombas de efeito moral estavam sendo lançadas, quando uma caiu bem perto de nos, meu nariz meus olhos começaram a arder, minha garganta parecia fechar, não vi mais meu cinegrafista, em um momento de desespero humano eu disse para um grupo “vao embora ou isso vai terminar de forma trágica.. me deixem passar.. me deixem passar” quando eles começaram a me agredir verbalmente, eu disse que precisava passar para o lado isolado, quando um deles me segurou pelo braço e disse que se eu passasse todos iriam passar, uma pessoa que eu nao vi quem era passou a mao no meu rosto, parecia pimenta com cerveja,  outra me arranhou, por conta do tumulto onde eu estava, fiquei com medo de que lançassem mais alguma bomba ali, levantei meu microfone e pedi socorro para os policiais militares, que me tiraram carregada, fui para  carro da SAMU, onde lavei os olhos e as mãos que estavam ardendo bastante. Liguei para o meu cinegrafista, ele me disse que foi atingindo com pedradas mas que estava bem, quando eu fiquei melhor, agradeci ao policial militar que me socorreu, e voltei para terminar minha reportagem, como se nada tivesse acontecido, porque infelizmente esse tipo de situação faz parte dessa profissão que eu escolhi para seguir.