Muita gente veio me
perguntar como é aquele lugar que foi o cenário de mortes cruéis? O que eu
senti, e se eu tive medo? Vou tentar descrever a sensação neste post.
Posso dizer que aquilo ali
é uma previa do inferno. Muito quente, o cheiro não é nada agradável, um
ambiente sufocante e insalubre. Logo quando entrei senti um clima pesado, nas
paredes muitas frases, de todos os tipos, palavrões, pornografias, nome de
facções, mas também poesias e versículos bíblicos, nas celas, muitos lençóis
sujos, colchões velhos e um pequeno banheiro com um sanitário no chão imundo, a
cama é de concreto, quem não tem colchão deve dormir com a sensação de estar no
chão. Ah! E não posso esquecer-me de falar dos ratos, vi pelo menos uns 4 (dos
grandes) uuuuui! Durante a reportagem eu estava com alguns presos, circulando
entre eles, eram os do regime semi-aberto, considerados menos perigosos, eles
estavam ajudando na reforma da casa de detenção, mas confesso que senti um
pouco de medo, mentira! Muuuuuito medo, principalmente quando eu ouvia fiufiu,
nossa, tremi mesmo, até sei quantos minutos fiquei lá dentro, 37 minutos, e
certamente um dos mais tensos da minha vida. Quando saí respirei aliviada e
pensei: como alguém consegue viver ali? Cheguei a uma conclusão: eles saem piores
do que entraram, porque perdem sensibilidade, desaprendem a amar... E o próximo?
O que é o próximo? Quando eles não sabem nem mesmo quem são.
por Ádria Rodrigues
ASSISTA A REPORTAGEM: