SEM ROTEIRO

SEM ROTEIRO

domingo, 13 de outubro de 2013

O que eu vi na CADET

Muita gente veio me perguntar como é aquele lugar que foi o cenário de mortes cruéis? O que eu senti, e se eu tive medo? Vou tentar descrever a sensação neste post.


Posso dizer que aquilo ali é uma previa do inferno. Muito quente, o cheiro não é nada agradável, um ambiente sufocante e insalubre. Logo quando entrei senti um clima pesado, nas paredes muitas frases, de todos os tipos, palavrões, pornografias, nome de facções, mas também poesias e versículos bíblicos, nas celas, muitos lençóis sujos, colchões velhos e um pequeno banheiro com um sanitário no chão imundo, a cama é de concreto, quem não tem colchão deve dormir com a sensação de estar no chão. Ah! E não posso esquecer-me de falar dos ratos, vi pelo menos uns 4 (dos grandes) uuuuui! Durante a reportagem eu estava com alguns presos, circulando entre eles, eram os do regime semi-aberto, considerados menos perigosos, eles estavam ajudando na reforma da casa de detenção, mas confesso que senti um pouco de medo, mentira! Muuuuuito medo, principalmente quando eu ouvia fiufiu, nossa, tremi mesmo, até sei quantos minutos fiquei lá dentro, 37 minutos, e certamente um dos mais tensos da minha vida. Quando saí respirei aliviada e pensei: como alguém consegue viver ali? Cheguei a uma conclusão: eles saem piores do que entraram, porque perdem sensibilidade, desaprendem a amar... E o próximo? O que é o próximo? Quando eles não sabem nem mesmo quem são.

por Ádria Rodrigues 


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2 comentários:

  1. A reportagem mostra que o sistema prisional do estado não recupera, mas transforma homens em animais.

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  2. Adria deu pra perceber a tensão e o medo quando te vi entrar na redação. Ainda mais depois daquele fato. Enfim. Sou sua fã!

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